Transformação, ética e colaboração humana
- Introdução
O futuro dos profissionais fiscais: a ascensão dos agentes de IA
Os rápidos avanços em inteligência artificial revolucionaram vários setores, e o setor tributário não é exceção. À medida que os agentes com tecnologia de IA continuam a evoluir, surge a pergunta: eles acabarão substituindo os profissionais fiscais tradicionais?
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) ganhou adoção crescente em todo o mundo, trazendo avanços significativos em eficiência, automação e análise de dados. Agora, uma nova fronteira emerge: os agentes de IA. No setor tributário, esses sistemas autônomos prometem transformar a maneira como lidamos com desafios fiscais e contábeis. Mas como isso impacta o papel dos profissionais humanos, cujas competências técnicas e éticas são centrais para a gestão tributária?
Este e-book explora como os agentes de IA estão redefinindo o setor tributário, destacando seus benefícios, desafios e o papel essencial da colaboração humano-tecnológica. O objetivo é proporcionar um guia rápido sobre as transformações em curso, mantendo o foco na ética e na responsabilidade profissional. Mas para entender o impacto da IA no setor tributário, vale citar brevemente o desenvolvimento histórico da IA, suas aplicações atuais e os desafios únicos enfrentados pelas equipes fiscais e consultorias internas.
A inteligência artificial tem sido um tópico de fascínio e pesquisa desde meados do século XX. O campo testemunhou um progresso notável, com sistemas de IA agora capazes de tarefas como processamento de linguagem natural, visão computacional e aprendizado de máquina. Essas tecnologias combinadas com IA já foram integradas a várias funções contábeis e fiscais, simplificando processos e aumentando a eficiência. (Li et al., 2020) (LONGINUS, 2018)
A integração da IA em tarefas contábeis, como escrituração contábil, cálculo de contas e relatórios fiscais, começou a levantar preocupações sobre a carreira de profissionais tradicionais de contabilidade e impostos. Os agentes de IA estão cada vez mais adeptos à automatização de tarefas repetitivas, liberando profissionais humanos para se concentrarem em aspectos mais complexos e estratégicos de seu trabalho.
No entanto, a adoção de IA no setor tributário vai além da mera automação. Os sistemas alimentados por tecnologia podem fornecer insights valiosos, identificar oportunidades de planejamento tributário e auxiliar em processos complexos de tomada de decisão, potencialmente aprimorando as capacidades dos profissionais tributários (Li et al., 2020) (Davis, 2020).
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2. O que são agentes de IA?
Definição e funcionalidade
Os agentes de IA são sistemas autônomos projetados para executar tarefas ou fluxos de trabalho específicos com mínima intervenção humana. Diferentemente da IA tradicional, que depende de regras predefinidas, e da IA Generativa (Gen AI), que cria novos conteúdos como textos e imagens, os agentes de IA combinam inteligência, adaptação e capacidade de agir de forma independente. Isso os torna especialmente úteis em ambientes como o tributário, onde legislações complexas e volumes massivos de dados demandam agilidade e precisão.
AI Agents se destacam em tarefas operacionais. Por exemplo, enquanto um modelo de Gen AI poderia redigir um memorando sobre mudanças nas políticas fiscais, um AI Agent poderia monitorar legislações, extrair atualizações relevantes, cruzar dados organizacionais e até mesmo disparar fluxos de trabalho de conformidade. Isso os torna particularmente atraentes para departamentos sobrecarregados por processos repetitivos e intensivos em dados, como os de fiscal e contabilidade.
Os departamentos fiscais são ótimos candidatos para a transformação impulsionada pelos AI Agents. O grande volume de regulamentações, constantes atualizações de políticas e a necessidade de registros minuciosos criam um terreno fértil para automação e otimização. Eis como os AI Agents podem remodelar as operações fiscais:
- Monitoramento de conformidade em tempo real: AI Agents podem acompanhar atualizações nas leis tributárias, interpretar suas implicações e sinalizar mudanças necessárias nas práticas de conformidade, reduzindo o risco de penalidades.
- Transparência e mitigação de riscos
Atrelado ao monitoramento de conformidade, a capacidade de interpretar mudanças regulatórias em tempo real dos agentes de IA ajudam a identificar inconsistências antes que se tornem problemas graves, e esses sistemas funcionam como redes de segurança para empresas e profissionais.
- Eficiência operacional: os agentes de IA oferecem reduções drásticas no tempo e esforço dedicado a tarefas repetitivas, permitindo que os profissionais se concentrem em estratégias de maior valor.
- Processamento de dados simplificado: de automatizar a entrada de dados em declarações fiscais a reconciliar discrepâncias, os AI Agents podem lidar com essas tarefas demoradas com rapidez e precisão.
- Melhoria na precisão dos relatórios: utilizando o poder analítico da IA, os agentes podem identificar erros ou inconsistências em declarações fiscais antes da submissão, garantindo precisão e evitando auditorias.
- Suporte dinâmico à decisão: AI Agents podem simular vários cenários fiscais, ajudando os profissionais a determinar o curso de ação mais vantajoso em tempo real e sugerir estratégias para apoiar a gestão.
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4. Desafios e limitações dos agentes de IA
Apesar dessas vantagens, os AI Agents enfrentam desafios notáveis no domínio fiscal:
Complexidade legislativa
As leis fiscais variam entre jurisdições e são frequentemente atualizadas. Os AI Agents exigem treinamento extensivo e ajustes contínuos para se manterem atualizados.
Privacidade e segurança de dados
Proteger informações sensíveis é crucial. Os sistemas de IA devem operar em ambientes seguros para evitar vazamentos de dados e assegurar a confidencialidade das informações.
Entendimento contextual
Regulamentações fiscais muitas vezes envolvem interpretações sutis que requerem um entendimento profundo de contextos legais e econômicos, algo que ainda é desafiador para a IA compreender completamente.
Restrições éticas, regulatórias e supervisão humana
Embora eficientes, os agentes de IA não substituem o julgamento humano, especialmente em questões que envolvem interpretações legais e decisões éticas. A supervisão constante por profissionais experientes é essencial para garantir conformidade e evitar práticas questionáveis.
Abordaremos mais sobre esses desafios a seguir.
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5. Aspectos éticos, psicológicos e a insubstituível mediação e supervisão humana
Interação Cliente-IA
Poderá existir impacto psicológico e emocional na relação entre contribuintes e tecnologia. Em situações delicadas como disputas tributárias ou auditorias, o papel dos profissionais humanos como mediadores confiáveis é indispensável. A confiança dos clientes na validação humana das soluções tecnológicas pode determinar o sucesso da adoção de agentes de IA como ferramentas que potencializam o trabalho humano e ampliam a confiança no setor tributário.
Desafios éticos e a complementaridade Humano-IA
O impacto ético de decisões tributárias feitas por IA em, por exemplo, taxas de conformidade, deduções fiscais e estratégias de otimização tributária não são meras questões de cálculo: envolvem interpretações complexas e ponderações éticas que consideram o impacto social e legal das escolhas feitas. Ou seja, a presença humana continua indispensável para supervisionar e validar decisões propostas pelos agentes de IA, assegurando que a tecnologia não promova práticas agressivas ou contrárias à legislação.
Além disso, profissionais humanos gerenciam tendências indesejadas em sistemas baseados em dados históricos, como viés ou disparidades no tratamento de diferentes contribuintes. Enquanto os agentes de IA podem acelerar análises e cálculos, a supervisão humana é essencial para evitar que padrões discriminatórios sejam reforçados em auditorias e processos de compliance, por exemplo.
IA como ferramenta promotora de transparência
Não só AI, mas tecnologia em si, tem o poder de promover a transparência tributária e mitigar riscos de não conformidade. Já mencionamos a capacidade de monitorar e interpretar mudanças regulatórias em tempo real como vantagem para empresas que enfrentam ambientes legais complexos e dinâmicos. Essa capacidade, no entanto, também exige que os profissionais tributários assumam o papel de mediadores éticos. A supervisão humana para interpretar os resultados e garantir que a aplicação das recomendações da IA esteja alinhada com as intenções legislativas e com princípios de justiça fiscal não tem substituto. Haverá um equilíbrio natural entre automação e julgamento humano, assegurando que a tecnologia complemente as práticas existentes sem comprometer a confiança pública.
Precisão, proteção de dados e à acuracidade das informações geradas
IA aprende com os dados que processa. Garantir que ferramentas sejam implementadas em ambientes seguros e controlados é essencial para proteger a confidencialidade dos clientes e evitar vazamentos de informações.
Na Taxcel nossa missão de liderar a transformação tributária reflete hoje a forma como nossa tecnologia interage com dados dos clientes, em conformidade com a LGPD. Adotamos medidas criteriosas como criptografia, anonimização de dados e certificações de segurança rigorosas, como SOC Tipo II. Esses protocolos garantem que informações sensíveis sejam mantidas seguras em todas as etapas do processamento.
A possibilidade de erros ou interpretações incorretas por parte da IA reforça a necessidade de supervisão humana. Tax professionals desempenham um papel crucial ao validar fontes, testar saídas, monitorar os resultados produzidos e garantir medidas de segurança. Esse processo insubstituível garante a conformidade legal e preserva a confiança dos clientes, uma qualidade que continua sendo a base da relação entre consultores fiscais e seus públicos.
Comportamento ético humano ligado aos Agentes de IA
Em âmbito geral, extrapolando o nicho TAX, um estudo recente sobre “Divulgação da Identidade de Agentes de IA e o Comportamento Não Ético dos Consumidores” publicado no Journal of Retailing and Consumer Services em 2024, revela que consumidores são mais propensos a comportamentos antiéticos quando interagem com agentes de IA que têm sua identidade divulgada, comparados a agentes de IA cuja identidade permanece anônima. Isso ocorre devido à percepção reduzida de julgamento social, um mediador crucial nesse contexto. Além disso, consumidores parecem demonstrar menor empatia e culpa ao interagir com agentes de IA em vez de humanos, evidenciando uma desconexão moral que facilita comportamentos questionáveis.
Para líderes como Pedro Lima, CEO da Taxcel, essas descobertas destacam a importância de considerar os aspectos éticos e regulatórios na implantação de agentes de IA em serviços. Estratégias como supervisão humana e a não divulgação da identidade dos agentes podem melhorar a eficiência do trabalho e mitigar comportamentos antiéticos por parte dos consumidores. Além disso, incorporar incentivos para gerenciar impressões sociais pode ajudar a reduzir os impactos negativos da interação com agentes de IA, promovendo uma integração mais responsável e ética no mercado.
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6. O Futuro da profissão tributária
Profissões emergentes: capacitação e redefinição de funções para potencializar o papel humano do profissional de TAX
Com o avanço da IA, novos papéis e skills técnicas estão ganhando destaque. A integração da IA deve remodelar os processos de capacitação no setor tributário de diferentes formas. As tarefas iniciais de pesquisa e elaboração de documentos, antes destinadas a profissionais juniores, estão sendo automatizadas, deslocando a curva de aprendizado para níveis mais estratégicos. De modo que treinamentos passam a enfatizar a habilidade de interpretar os resultados fornecidos por IA e adaptá-los às realidades únicas de cada cliente ou caso. Isso já acontece com os profissionais que utilizam as soluções Taxcel, o TaxSheets e Tax Dashs, pois têm muito mais tempo e menos esforço operacional, para de fato investir energia em interpretação analítica, estratégia e compliance.
Ao mesmo tempo, surgem novas oportunidades para que profissionais tributários assumam funções como Arquitetos de sistemas tributários, Tax technology manager e outras nomenclaturas. Compreender profundamente os regulamentos fiscais e as necessidades específicas de empresas permitem que esses profissionais colaborem na cocriação de soluções tecnológicas junto com parceiros como a Taxcel, que sejam cada vez mais alinhadas com a prática diária e as mudanças legislativas. Isso solidifica a posição humana como central no desenho e aprimoramento de ferramentas tecnológicas no setor.
Conhecimento organizacional e habilidade técnica
Profissões ligadas ao setor tributário caminham em direção à adoção de tecnologia como facilitadora de integração organizacional. Um dos desafios históricos do setor tributário é a dificuldade em traduzir conceitos fiscais complexos para públicos não especializados dentro das organizações. Atualmente, tecnologia presente no TaxDashs da Taxcel já vêm revolucionando essa dinâmica ao gerar análises simplificadas, visualmente intuitivas e narrativas acessíveis para conceitos técnicos, permitindo que os departamentos fiscais se integrem de forma mais eficaz às demais áreas do negócio. Essa integração será potencializada com agentes AI e pode resultar em decisões mais informadas e em uma colaboração estreita entre equipes, aumentando o desempenho geral da empresa.
Por exemplo, imagine relatórios capazes de explicar os impactos de mudanças regulatórias ou estratégias de planejamento fiscal de forma clara e objetiva, adaptando-se ao nível de entendimento do público-alvo. Isso transforma o departamento fiscal de um “núcleo técnico isolado” para uma função estratégica integrada, contribuindo diretamente para os objetivos gerais da organização e potencializando sua capacidade competitiva no mercado.
Proliferação de agentes de IA no setor tributário
No futuro, o número de agentes de IA deve superar a quantidade de seres humanos, marcando uma transformação sem precedentes. Para o setor tributário, tarefas atualmente demoradas, como análise de conformidade e otimização fiscal, já são solucionadas com tecnologia oferecida pela Taxcel reduzindo em média 80% do esforço, em alguns casos chegam a 95% de acordo com depoimentos de nossos clientes. Tais tarefas, no futuro poderão ser realizadas simultaneamente por milhares de agentes interconectados, reduzindo ainda mais o tempo necessário para entregar resultados. Hoje a tecnologia Taxcel já permite que equipes Tax in-house e consultores fiscais foquem em aspectos estratégicos e atendam necessidades personalizadas de suas empresas e clientes. Velocidade e alta eficiência, no futuro deixarão de ser diferenciais competitivos passando a se tornar o modelo de trabalho padrão.
No entanto, a ascensão de agentes de IA em grande escala exige reflexão sobre o papel humano na supervisão e na validação ética. À medida que os agentes de IA assumem funções mais avançadas, os profissionais de tributos precisarão liderar a integração dessas ferramentas, garantindo que decisões automatizadas estejam alinhadas com os objetivos regulatórios e sociais. Essa combinação de automação massiva e supervisão humana, além de ampliar a capacidade do setor, definirá novos padrões de excelência na gestão tributária.
Consultoria tributária do futuro: novas competências
Com a automação de tarefas repetitivas, seja por agentes Ai, RPA (robotic process automation) ou ferramentas de processamento de big data que combinam múltiplas tecnologias, o foco dos profissionais fiscais está mudando para áreas como controle, monitoramento e criação de sistemas personalizados. Essas novas funções exigem competências como análise crítica de dados gerados com auxílio da tecnologia, comunicação eficaz de insights técnicos e a capacidade de testar e adaptar ferramentas às especificidades de cada cliente.
Agentes AI vivendo em sociedade e recolhendo impostos
Uma pesquisa de outubro de 2024 conduzida por um time de neurocientistas computacionais e engenheiros, chamada “Project Sid: Many-agent simulations toward AI civilization”, simulou sociedades com agentes AI vivendo e interagindo entre si. A descoberta é que eles evoluem como sociedade, formando identidade pessoal, obedecendo regras coletivas, culturais, religiosas, estruturas legais e tributação. A pesquisa demonstrou como agentes de IA podem simular e integrar processos civilizacionais complexos e no contexto de leis fiscais, os agentes simularam o impacto de influenciadores pró e anti-tributação em um sistema democrático, onde feedback coletivo resultava em emendas constitucionais. Observou-se que constituintes respeitaram a lei tributária inicial (20% de inventário) e ajustaram pagamentos conforme alterações nas taxas (ex.: redução para 9%). Esse comportamento sugere que agentes podem seguir leis e, influenciados por opiniões públicas, modificar regras para refletir dinâmicas sociais.
Essas descobertas abrem caminho para discussões sobre tributação de trabalho de agentes de IA em cenários reais, como contribuição para fundos públicos e adaptação às regulamentações. A implicação aqui é que um quadro jurídico bem projetado pode tanto fomentar a eficiência desses agentes quanto assegurar a equidade em suas contribuições para a sociedade humana.
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7. Conclusão: colaboração, não substituição
Profissionais de Tax continuarão essenciais, pois embora os AI Agents prometam eficiência e precisão sem precedentes, como citamos no decorrer do e-book, o papel dos profissionais fiscais continuará indispensável. A tributação não é apenas um conjunto de números e regras; é uma função estratégica que exige expertise em áreas diversas como negociação, julgamento e visão de futuro. Os profissionais trazem um nível de inteligência contextual e insights específicos da indústria que a IA não pode replicar — pelo menos, não tão cedo. Mesmo que isso venha a ocorrer, a supervisão, mediação e outras capacidades humanas permanecerão insubstituíveis.
Os agentes de IA representam uma evolução, não uma substituição. Eles ampliam as capacidades humanas, automatizando tarefas repetitivas e permitindo que os profissionais se concentrem em estratégias e decisões de alto valor. A Taxcel lidera essa transformação com soluções que equilibram tecnologia e expertise humana, garantindo inovação com responsabilidade.
As organizações que adotarem essa abordagem colaborativa com a tecnologia primeiro terão capacidade de competição potencializada e prosperarão com suas equipes em um cenário regulatório cada vez mais dinâmico.
A profissão fiscal, como muitas outras, está prestes a evoluir ao lado da IA, em vez de ser suplantada por ela. A colaboração entre humanos e tecnologia é o futuro da profissão, moldando um setor mais eficiente, ético e preparado para os desafios de um mundo em constante evolução.
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